Dependência econômica deixa mulheres mais vulneráveis

Em reunião no Conselho Superior Feminino, Coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo lembra que violência contra mulher causa impacto na saúde, na segurança e na economia

Renata Victal, Agência Indusnet Fiesp

A violência contra a mulher causa impacto na saúde, na segurança e na economia. Foi com essa constatação que Fabiola Sucasas, promotora de Justiça e Coordenadora do Núcleo de Gênero do Ministério Público de São Paulo, iniciou sua participação na reunião do Conselho Superior Feminino (Confem) da Fiesp, realizada na tarde desta sexta-feira, 8 de março.

Em sua palestra a respeito da sensibilização sobre equidade de gênero, Fabiola lembrou que diversos estudos demonstram que o desenvolvimento de um país é menor quando existem altos índices de violência contra a mulher.

“Este é um problema que está dentro de um cenário de desigualdade de gênero. O Dia Internacional da Mulher existe para brindarmos as conquistas, mas também colocarmos desafios”, disse ela. “Acaba de ser divulgada uma pesquisa sobre aumento de feminicídios em São Paulo. Sabemos que há investimento na qualificação de recursos humanos e de outras medidas para melhorar as respostas do sistema de segurança para estes casos. Mas sempre podemos fazer mais”, afirmou.

Cada morte de uma mulher é uma derrota, disse ela, um sinal de que muitas coisas haviam dado errado. A dependência econômica faz com que muitas mulheres se calem diante de situação de violência, o que as torna ainda mais vulneráveis. “Os feminicídios são considerados mortes evitáveis. As mulheres em dependência econômica ficam mais vulneráveis ao escalonamento da violência”, lamentou.

Além de medidas que fortaleçam mulheres economicamente, qualificando, concedendo crédito e estimulando que possam se tornar empreendedoras, Fabiola defendeu a fiscalização das medidas protetivas como um instrumento de proteção à mulher. “Fizemos uma pesquisa mostrando que a medida protetiva funciona. Em casos de feminicídio consumado ou tentado, apenas de 2% a 8% das vítimas tinham medida protetiva. Isso significa que as medidas funcionam. O Estado tem que fiscalizar essas medidas. A gente tem o programa guardiã Maria da Penha para fiscalizar essas medidas”, afirmou.

A promotora colocou ainda o Ministério Público à disposição da Fiesp para auxiliar na adoção de políticas que possam, por exemplo, garantir a empregabilidade de mulheres. “Precisamos contribuir para que essas mulheres sejam capacitadas e consigam recursos para empreenderem. A Fiesp tem um poder imenso de transformação e de incentivar municípios a implementarem algumas políticas”.

Pensando nas mulheres que trabalham no mundo corporativo, a promotora convidou todas para aderirem ao Pacto Ninguém se Cala, que se destina à conscientização de entidades da sociedade civil a buscarem alternativas para a prevenção da violência sexual contra as mulheres, seja no mundo corporativo ou fora. “O Ministério Público do Trabalho já realiza ações de prevenção contra ao assédio. O diálogo é importante e estamos à disposição para aplicar estes protocolos e os ambientes corporativos possam ser diversos, plurais e mais inclusivos para mulheres”, explicou.

No encerramento do encontro, a presidente do Confem, Marta Livia Suplicy agradeceu o engajamento e a participação de todas as mulheres no evento, e disse que o caminho para a igualdade entre homens e mulheres passa pelo Comitê de Gênero e Diversidade.

“Fico muito feliz em saber que Sesi e Senai de São Paulo serão nossos grandes parceiros. E pensamos na Ouvidoria das Mulheres na Indústria, para ser um canal de informação. Vamos contar com todas as grandes indústrias e vamos precisar do MP como catalizador”, concluiu.

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